Venho aqui e vou embora, trazida por uma inspiração soluçada. Leio, trabalho, dirijo, converso e pronto: apareço, escrevo umas linhas. Apareça também, sempre, quando em vez, assim como eu. E seja bem-vindo.

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domingo, maio 02, 2010

Sobre arte: a minha e a dos Outros

Este é o início de um quadro em aquarela sobre meninos e pipas. Fazer arte e falar dela resume parcamente duas das minhas grandes preferências. Estou ainda em busca das minhas inspirações, da escola, do movimento artístico, do artista com o qual mais me identifico, mas o que posso adiantar é o gosto nítido pela pintura brasileira. Artisticamente falando, teria sido uma injúria, uma injustiça divina, ter-me feito nascer em outro lugar. Nossas cores, expressões corporais, a robustez dos traços e o tom levemente cubista deles, mas sobretudo nossos temas são muito representativos, dizem bastante do tipo de arte que me acolhe: uma arte com conteúdo, feita com o objetivo de reportar, com um fim quase jornalístico, de revelação de eventos, momentos, principalmente íntimos, anônimos e comuns.

A arte brasileira, em geral, é a história de nossa gente mais ordinária - no sentido de trivial. Tarsila e suas paisagens do morro, do Rio; Di Cavalcanti com suas mulheres misteriosas e robustas; o Portinari dos retirantes, do mestiço; Abelardo da Hora, das esculturas; e mesmo Debret que, se esteticamente em nada se assemelha aos outros, quanto à temática, conta nossa história com sua representação de eventos. A pintores como Debret não se pode negar a alcunha de jornalistas, pois guardaram as estórias de seus tempos por meio do ato de reportar.
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segunda-feira, dezembro 14, 2009

Imagens e Cartões

Hoje pela manhã visitei o flickr em busca de inspiração. Certas fotografias conseguem mesmo mudar nosso jeito de ver os cenários, as angulações, os acontecimentos e a anatomia humana. Continuo afetada pela escala de cinza, não consigo fugir dela, ainda que o estojo de aquarela possua 23 cores além de cinza, preto e branco. Ainda estou no foco circunstancial do P&B.


Que lindas imagens encontrei. Belíssimas mesmo, intrigantes, tocantes, daquelas que dispensam qualquer frase escrita. O texto já estava lá. Algumas fotos rabisquei no bloquinho e, em breve, transformarei em imagens pros cartões de Natal. Não sairão como as fotografias, mas não devem mesmo. Pintura é pintura, foto é foto. Preciso conscientizar-me disso antes que enlouqueça de tanto me cobrar semelhança e realismo.


Tenho escrito menos. A palavra, quando se cala de alguém com uma natureza irrequieta como a minha, indica que não está indo embora de vez, mas dando lugar a outro suporte. Fez sentido. O lápis agora não faz mais letras, mas desenhos, rabiscos, traçados. E do computador mal tenho usado as teclas, apenas os comandos de que preciso para acionar o scanner.


É tempo de descansar, e o corpo, certa hora, deixa claro como quer fazê-lo. O meu parece querer sossegar desenhando. Nada mau.


Segue abaixo alguns rascunhos do bloquinho, não liguem a bagunça.


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domingo, dezembro 13, 2009

Cartões de Natal II

Gente, os cartões ficarão mais ou menos assim, é um esboço, mas essa será a base deles.

No lugar da fotografia serão imagens em aquarela:

[caption id="attachment_261" align="aligncenter" width="210" caption="Exemplo dos cartões "][/caption]

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Cartões de Natal

Olá Pessoas,


Estou montando uns cartões de Natal pra estudar aquarela e ganhar uma graninha ao mesmo tempo. Os cartões trarão duas imagens, uma "boa" e outra "ruim", cada qual em um verso, casadas com os dizeres: "Apesar de você..." ( referindo-se às imagens ruins: guerra, corrupção, poluição, miséria...) "... Amanhã há de ser um novo dia" (com as boas imagens: amizade, solidariedade, sorrisos...).


O projeto gráfico dos cartões não está pronto, mas segue abaixo o Making Off de uma das pinturas.


Caso lhes interesse, postarei mais adiante as versões dos cartões. Eles serão em couchê fosco (a gramatura ainda n sei, desculpem, mas vô procurar e digo depois) tamanho 15 x 10.5, mais ou menos um A4 fechado em 4, e terão espaço para mensagens no interior.


Custarão R$7,00 cada um e a renda será revertida para me sustentar mesmo, pois quem leu o post anterior sabe que não tenho filhos, mas o cartão de crédito não me abandona. É quase um menino novo. Lógico que, dependendo de quantos, podemos repensar esse preço, blz?


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segunda-feira, setembro 07, 2009

O Beco em Dias de Sábado

Manhã


Sábado: o pior e o melhor dia para estar no Beco da Poeira. Pior para os clientes, melhor para os comerciantes. Apesar do calor, da sede e do completo desconforto, milhares de trabalhadores elegem a manhã de sábado para ir às compras, promovendo-se de vendedores a consumidores, ao menos uma vez por semana.


Hoje, o Beco está especialmente cheio: é véspera de Dia dos Pais. As modinhas femininas, campeãs de vendas, dão lugar a calçados, cintos, bonés e blusas de time. A mãe de família leva os filhos e a irmã, juntos escolhem lembranças para os pais e maridos. Os irmãos maiores repuxam bermudas, cuecas, calções de banho, sapatos e a camisa da mãe: não necessariamente nesta mesma ordem. O filho pequeno sacode-se impaciente nos braços da mulher, quer participar da brincadeira.


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sexta-feira, setembro 04, 2009

O Morto


Eu vi um homem morto. Foi ontem, era noite. Uma noite laranja e negra das luzes neon.



Estava no ônibus, pendendo entre um livro e uma canção, quando o reparei pela janela. Estava lá, estendido de qualquer jeito. A boca aberta, os olhos cerrados. Era velho, meia idade – ou apenas gasto, tinha as pernas semi dobradas, era moreno e. Parecia vivo. Parecia vivo como a moça adormecida no caixão do último enterro em que fui. Parecia viva. Na verdade, era a mesma mulher de sempre só que não acordava. Viva como a senhora que minha irmã visitou no hospital há dois dias: ontem já não respirava. O que é, no fim das contas, essa coisa que vai embora e, então, morremos? Talvez ele só fosse um bêbado deitado. Só um bêbado adormecido como um bêbado e não como a mulher ou a senhora. E se o for?
Agora é tarde, por que eu já o vi morrer.
Ouvindo: Bright Eyes
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