Venho aqui e vou embora, trazida por uma inspiração soluçada. Leio, trabalho, dirijo, converso e pronto: apareço, escrevo umas linhas. Apareça também, sempre, quando em vez, assim como eu. E seja bem-vindo.

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domingo, maio 02, 2010

Sobre arte: a minha e a dos Outros

Este é o início de um quadro em aquarela sobre meninos e pipas. Fazer arte e falar dela resume parcamente duas das minhas grandes preferências. Estou ainda em busca das minhas inspirações, da escola, do movimento artístico, do artista com o qual mais me identifico, mas o que posso adiantar é o gosto nítido pela pintura brasileira. Artisticamente falando, teria sido uma injúria, uma injustiça divina, ter-me feito nascer em outro lugar. Nossas cores, expressões corporais, a robustez dos traços e o tom levemente cubista deles, mas sobretudo nossos temas são muito representativos, dizem bastante do tipo de arte que me acolhe: uma arte com conteúdo, feita com o objetivo de reportar, com um fim quase jornalístico, de revelação de eventos, momentos, principalmente íntimos, anônimos e comuns.

A arte brasileira, em geral, é a história de nossa gente mais ordinária - no sentido de trivial. Tarsila e suas paisagens do morro, do Rio; Di Cavalcanti com suas mulheres misteriosas e robustas; o Portinari dos retirantes, do mestiço; Abelardo da Hora, das esculturas; e mesmo Debret que, se esteticamente em nada se assemelha aos outros, quanto à temática, conta nossa história com sua representação de eventos. A pintores como Debret não se pode negar a alcunha de jornalistas, pois guardaram as estórias de seus tempos por meio do ato de reportar.
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sábado, abril 24, 2010

Sobre dislexia, arte e trabalho ou O mundo saturno devora mesmo seus filhos

A última Bienal foi reveladora. Em um stand de livros sobre educação, descobri que sou disléxica. Reconheci em um livro especializado os exercícios que realizava na infância com uma professora diferente das outras, cuja disciplina era ministrada apenas para mim, depois das aulas. Os tais encontros, do pouco que relembro, começaram entre o jardim II e a alfabetização, quando engatinhei minhas primeiras palavras. Recordo parcamente o rosto atônito da professora regular.  “A menina escreve espelhado, de trás pra frente, de cabeça para baixo!”, deviam exclamar. Era preciso um tratamento.

A professora diferente, uma psicoterapeuta - hoje sei, consertou-me a escrita e tentou honradamente ensinar-me o que era direita e esquerda, canhota e destra. Não conseguiu, contudo, até hoje me confundo. Mas não me quis obrigar a ser destra, o mais importante.  Esta era minha lógica de infante: se meus colegas destros escrevem da esquerda para a direita, eu, canhota, devo começar ao contrário. Faz sentido, não? À época, fazia muito, exceto para o resto da sala, o resto do mundo.




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