terça-feira, abril 27, 2010
Uma tragédia anunciada, mas não ensaiada - considerações muito pessoais 06:47
domingo, janeiro 10, 2010
O Amarelo ou Onde Estão As Árvores Da Minha Rua? 13:03
[caption id="attachment_303" align="aligncenter" width="225" caption="A única sobrevivente"]

Está quente. Como nunca esteve. Às duas da tarde desço do ônibus, estou em casa. Da parada avisto uma daquelas ruas típicas dos filmes de faroeste: lojinhas e pequenos prédios apertados sob um sol implacável. Esta é a rua onde moro: um lugar seco e amarelo. Nunca gostei de amarelo e agora então...
A cor da quentura, no entanto, não é um amarelo qualquer. Estes dias, ao descer do ônibus, pensei nisso, fiquei procurando na paleta de cores – ouro, ovo, maple, pele, cheguei, claro, escuro, mostarda. Não é nenhum desses. O amarelo dos dias quentes é doloroso aos olhos, seco e constante, ávido e implacável. Implacável, palavra forte.
domingo, novembro 22, 2009
Natal de Luzes ou Um Dia de Espectadora 13:03
Estou devendo esta crônica desde o Natal de Luz, na praça do Ferreira. Preparei-me para isto hoje. A casa está relativamente sozinha e o neon do poste refletido na sala de estar traz de volta a memória amarelada da noite de sexta, a noite em fui espectadora e não protagonista.
Existem dias em que não somos protagonistas, mas espectadores. São aqueles em que tudo ocorre a nossa volta, mas não para nós. O mundo está reluzente, acolhedor, interessante ao modo das mulheres grávidas, mas não para nós somente. Não somos o epicentro. Aquele fora um dia desses.
Às seis da tarde quase noite desembarquei em um Centro de Fortaleza diferente daquele de meses atrás. É novembro e o espírito natalino que nos coça os bolsos mantêm abertas as portas das lojas até que hajam criaturas às ruas. Caminho num Centro acordado, desperto apesar dos postes que tornam a vida urbana amarela e negra. Há outros coloridos, no entanto. Pisca-piscas, bolas, enfeites. É natal no Centro, é natal na praça do Ferreira. Estou indo ao encontro dele, para vê-lo chegar. O natal, contudo, já está comigo.
terça-feira, novembro 17, 2009
Sobre embargos, valentia jovem e a palhaçada do China In Box 03:36
Postando depois de muito tempo. Estive doente esses dias. Doente, sem internet nem celular, ou seja, isolada do mundo. O livro naturalmente andou por isso. Escrevi umas paginas no caderno pra quando tivesse um computador com internet por perto, e cá estou.
Escrever sobre os dias é confortável, terapêutico até, embora eu pense, pense mesmo em como os assuntos se esgotam e as ideias revolucionárias se repetem. Estive longe daqui: um pecado. Sinto-me devedora a todos que estiveram aqui e encontraram posts antigos. Desculpe.
sábado, setembro 26, 2009
O místico no ponto de ônibus 05:20
Havia um homem sentado no muro. O escuro caíra há um quase nada e o arredor do Benfica ia empapado de gentes. A chusma que sempre se forma às seis da tarde, progresso do burburinho que começava às cinco e agora já é latente desde as quatro, estava presente, sacudindo-se em busca de um transporte, pescoços de girafa alongado a mais não poder sobre as cabeças uns dos outros, enxergando parangabas, mucuripes e Joões Pessoas. Cinco da tarde, nesses tempos de buracos tapados com poeira e carros enormes lotados de uma só pessoa, já é hora maldita de raiva e impaciência. De ônibus e motoristas tão dormentes que, por isto mesmo, renegam a impaciência dos passageiros: mudam a rota, passam direto. Na aglutinança de suor, exaustão e olhos no relógio, o homem simplesmente estava sentado no muro.