Venho aqui e vou embora, trazida por uma inspiração soluçada. Leio, trabalho, dirijo, converso e pronto: apareço, escrevo umas linhas. Apareça também, sempre, quando em vez, assim como eu. E seja bem-vindo.

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sábado, abril 24, 2010

Sobre dislexia, arte e trabalho ou O mundo saturno devora mesmo seus filhos

A última Bienal foi reveladora. Em um stand de livros sobre educação, descobri que sou disléxica. Reconheci em um livro especializado os exercícios que realizava na infância com uma professora diferente das outras, cuja disciplina era ministrada apenas para mim, depois das aulas. Os tais encontros, do pouco que relembro, começaram entre o jardim II e a alfabetização, quando engatinhei minhas primeiras palavras. Recordo parcamente o rosto atônito da professora regular.  “A menina escreve espelhado, de trás pra frente, de cabeça para baixo!”, deviam exclamar. Era preciso um tratamento.

A professora diferente, uma psicoterapeuta - hoje sei, consertou-me a escrita e tentou honradamente ensinar-me o que era direita e esquerda, canhota e destra. Não conseguiu, contudo, até hoje me confundo. Mas não me quis obrigar a ser destra, o mais importante.  Esta era minha lógica de infante: se meus colegas destros escrevem da esquerda para a direita, eu, canhota, devo começar ao contrário. Faz sentido, não? À época, fazia muito, exceto para o resto da sala, o resto do mundo.




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terça-feira, dezembro 29, 2009

Vozes na Cabeça ou O Que Pensar Depois de Hathaway em O Diabo Veste Prada

Muitas vozes tagarelando na cabeça. Precisava escrever. Não é fácil. Disse isso outra vez, vivo dizendo. Mas é difícil mesmo, difícil escrever. Eu não gosto disso. Não gosto do que faço.


Mas sei fazer, eu sei disso, ou talvez me contente com pouco. Desde muito nova fui assim, nas aulas de Física em que errava 16 questões de vinte e me orgulhava dos quatro acertos... sempre assim. Sou péssima em exatas, o vestibular que o diga. Já contei que só passei no vestibular por que anularam uma questão de Física?


Acontece que, na manhã em que soube que estava na segunda fase, disse para mim, pra quem estivesse perto: ninguém podia me segurar. Eu sabia que sabia português e história, estava em casa, ninguém me tiraria aquele lugar outra vez.


Não me sinto assim há tempos. Não me sinto em casa. Não me sinto confortável com o jornalismo como me sentia com o teatro ou o desenho ou 150 pessoas me vendo em cima de um altar, esperando que dissesse algo que lhes mudaria a vida... Isso não conta, não era eu naquele altar, definitivamente. Eu sei o que senti e isso não se nega.


Escrever não é estar em casa, pelo contrário, é uma tortura, dor, um precipício. Odeio escrever. Odeio ter que escrever. É... difícil.


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quarta-feira, dezembro 16, 2009

Nada de Dinheiro, Tudo de Cansaço; ou A Escrotice do Cartão de Plástico

Ontem engoli a seco as conseqüências de topar um jogo sujo. E me senti suja de incentivar algumas dessas roubalheiras das quais tanto reclamamos. Não se pode dizer nada quando se participa delas. Emudeci na fila do caixa, revirada de constrangimento e raiva. Ridícula.


Meu cartão atrasou por que faltava dinheiro e sobrava orgulho de não pedir a ninguém. Paguei aqueles juros filhos da mãe.


Olha na minha cara, tenho mais de 20, acha mesmo que vou pedir a alguém?


Eu tinha dinheiro. Ainda tenho, mas na mão de outra pessoa. Só se pode pagar contas quando outros decidem quitar as suas. A minha dívida corresponde à dívida de alguém comigo, não é assim que funciona a bola de neve dos atrasados?


De ontem não podia passar. Sinto-me péssima quando tenho assuntos pendentes, sobretudo quando envolvem dinheiro. O dia foi longo de negociações, longo de laconice, de emburramento de querem ter coisas e não poder comprar. Em um momento do dia, cheguei a ter 1000 reais em espécie dentro da mochila e, em minutos, o cartão de crédito e os gastos básicos da vida me torraram tudo. Alguém aguenta isso?


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