Venho aqui e vou embora, trazida por uma inspiração soluçada. Leio, trabalho, dirijo, converso e pronto: apareço, escrevo umas linhas. Apareça também, sempre, quando em vez, assim como eu. E seja bem-vindo.

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Sites preciosos

Americas Reporter
Jornalistas se reunem pra falar da América do Sul e "temas paralelos", digamos assim.
www.americasreporter.com.br

Bússola Internética
Gente, muuuuito bom esse site. Impressionante. Uma mão na roda pra quem trabalha diariamente apurando. Jornalistas, seus dias de apuração superficial estão contados!
www.geocities.com/mssilva

Associação Nacional dos Jornais
Esse é pra quem quer saber da vida dos jornalistas brasileiros! Mas não só isso, por favor. Traz diversas informações sobre jornais do país.
http://www.anj.org.br/

Depois posto outros. Aproveitem.
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quarta-feira, dezembro 10, 2008

Assiste esse!

Ainda sobre o lance da exploração trabalhista, do post anterior: assistam esse filme. Alguns podem pensar que, por ser protagonizado por Jennifer Lopes e Antonio Banderas, a pelicula perca a credibilidade. Eu acho isso uma bobagem e garanto a qualidade e a crueza com as quais o filme desenvolve o debate. É de arrepiar e pensar ao mesmo tempo.


Cidade do Silêncio (Bordertown)



Elenco: Jennifer Lopez, Antonio Banderas, Kate del Castillo, John Norman, Irineo Alvarez, Sonia Braga.

Direção: Gregory Nava

Gênero: Drama

Distribuidora: Imagem Filmes

Estréia: Direto em DVD

Sinopse: O filme trata sobre uma repórter de Chicago que vai para a cidade mexicana de Juarez, fronteira com os Estados Unidos. Ela quer investigar intrigantes assassinatos envolvendo jovens funcionárias de uma fábrica. Ao se aprofundar no caso , ela eventualmente conquista a confiança dos habitantes, mas também pode acabar se tornando mais uma das vítimas.

Curiosidades:

» A atriz e cantora Jennifer Lopez recebeu o prêmio da Anistia Internacional por ter produzido e atuado no filme. O prêmio, chamado "Artistas pela Anistia", foi entregue pelo Primeiro Ministro de Timor Leste, Jose Ramos-Horta.



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Exploração costurada

Siga a linha tristemente lógica desta rede de exploração: na manhã de hoje, 10 de dezembro, faltando quinze dias para o Natal, mais de 70 policiais militares foram destacados para uma mega-operação contra a pirataria em plena avenida 25 de março, a metrópole da comercialização de produtos “genéricos” (ou, para ser bem regional, o que o Beco da Poeira quer ser quando crescer). Os relógios marcavam 7 da manhã quando os policiais sequer permitiram que o shopping abrisse as portas. Vendedores do lado de fora, mais de 50 lojas revistadas e produtos apreendidos que, segundo Nelson Vieira, advogado das multinacionais “contratantes” da busca, encheriam em torno de sete caminhões(vide portal G1)!

De pé das sete ao meio-dia, de olho no trabalho dos recrutas, oficiais de justiça e representantes de nove multinacionais fabricantes de materiais esportivos garantiam o relatório completo do cumprimento dos quatro mandados de busca e apreensão solicitados pelas ditas cujas. Nike, Adidas, Puma, Reebook, Louis Vuitton, Chanel, Dior, Levis e Everlast suspeitavam – vejam só – que na 25 de março acontecesse a venda de falsificações de suas marcas – não diga!

Segundo os próprios representantes destas empresas, como a Nike, o combate à pirataria é encampado com esmero não só por gerar prejuízos financeiros, mas por trazer danos a saúde do usuário. De fato, quantos trabalhadores e trabalhadoras saem para a labuta fazendo uso de tênis falsificados, sem conforto ou segurança necessários para agüentar o dia-a-dia puxado de uma fábrica, por exemplo?

Imagina-se então que as crianças de 14 anos (até de 12) que trabalham em tempo integral nas fábricas da Nike na Indonésia devem usar pisantes muito confortáveis. Os funcionariozinhos não têm condições humanas de trabalho, sofrem abusos verbais, pressão psicológica para cumprimento de cotas, riscos à saúde pelo contato com produtos tóxicos; trabalham 12 horas por dia, seis dias por semana, costurando bolas e camisas, cerca de 230 horas de serviço mensal só de horas-extras, mas os pisantes...

Repare a costura da lógica de exploração: o trabalhador de carteira assinada é explorado e recebe parcos salários; desemboca, então, no trabalho informal, em que é explorado pela práxis cotidiana do vale-tudo urbano, sujeita a roubos, acidentes, apreensão do rapa, concorrência desleal e nenhum tipo de garantia além do, também parco, lucro; o cidadão resolve, pois, trabalhar nos shoppings populares, o estabelecimento dá ares de segurança, mas o emprego ainda não concede garantias, muda apenas o explorador: os chineses; o chinês que é processado pela multinacional acusado de pirataria, exploração da marca alheia, por consequência, duas firmas chinesas e três lojas em Xangai tiveram de pagar , em agosto deste ano, mais de 46 mil dólares de indenização além de pedir desculpas em público a Nike, marca, por sua vez, denunciada por violação dos direitos trabalhistas em suas fábricas na Índia (em que maior parte dos explorados são mães solteiras e suas filhas), Indonésia, Tailândia, Paquistão e – veja só – China.

Nesta trama, não há mocinhos ou bandidos, são cegos guiando cegos, ou por outra, corruptos guiando corruptos, enquanto explorados guiam explorados, ao mesmo tempo em que exploradores furtam outros exploradores.

Aos que praticam esportes: as costuras de suas camisas, bonés e chuteiras nunca mais serão as mesmas.

Veja ainda:

Entrevista de Michael Moore com Phil Knight, o dono da Nike:
http://www.angelfire.com/art/antinike/outro.htm
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terça-feira, dezembro 09, 2008

Leitura: Jornalismo Investigativo, de Leandro Fortes

Jornalismo Investigativo, de Leandro Fortes, é uma revisita aos paradigmas da profissão. É retorno até mesmo para estudantes de jornalismo, pois que nos enveredamos por tantos caminhos da Comunicação Social e disciplinas afins, que, muitas vezes, deixamos que arrefeçam os debates próprios do exercício jornalístico. A obra, povoada de vozes - cujos donos talvez chamaríamos teóricos, mas que surgem, ao longo da narrativa, mais como companheiros de profissão -, abandona o caráter de livro de cabeceira e ganha ares de guia prático, livro de bolso. São dicas, sugestões, pitacos, como apelida Fortes, além de preciosos conselhos tanto a iniciantes como a velhos marujos, dados por nomes como Eugenio Bucci, Ricardo Noblat, Cláudio Tognolli e muitos outros.

Os assuntos abordados interligam-se como hipertextos, que se podem repescar a cada capítulo. Não por outro motivo: as questões polêmicas referentes ao jornalismo, às quais se pode, de fato, conceder a alcunha de paradigmas, estabelecem relações quase de causa e conseqüência, oriundas todas de dois grandes solos férteis: a formação técnica (escolar, acadêmica) do profissional e a formação pessoal, ética, do jornalista.

Uso do off, profusão das assessorias de imprensa, a internet como ferramenta da profissão, os esforços, os instrumentos; a necessidade de paciência, faro, clareza, coesão, responsabilidade com o que será publicado, respeito à fonte; as decisões solitárias inúmeras, os riscos de vida... todos esses quesitos – virtudes ou pecados – acerca dos quais refletir é sempre uma tarefa árdua, representam circunstâncias com que nos deparamos durante a jornada. Quanto a isto, Fortes, sabiamente, compreende que os subsídios necessários para lidar com essas questões emergem ora do que aprendemos em cursos ou percursos, ora do que entendemos por princípios éticos, daquilo por que, cremos, vale a pena lutar.

Com uma linguagem clara e honesta, Leandro Fortes conta histórias, exemplifica cada teoria mencionada, além de indicar sites de busca e bancos de dados de grande valia ao exercício cotidiano de apuração. Jornalismo investigativo é, em resumo, um daqueles livros que não deve ser lido, mas consultado feito dicionário.

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