Venho aqui e vou embora, trazida por uma inspiração soluçada. Leio, trabalho, dirijo, converso e pronto: apareço, escrevo umas linhas. Apareça também, sempre, quando em vez, assim como eu. E seja bem-vindo.

terça-feira, dezembro 09, 2008

Leitura: Jornalismo Investigativo, de Leandro Fortes

Jornalismo Investigativo, de Leandro Fortes, é uma revisita aos paradigmas da profissão. É retorno até mesmo para estudantes de jornalismo, pois que nos enveredamos por tantos caminhos da Comunicação Social e disciplinas afins, que, muitas vezes, deixamos que arrefeçam os debates próprios do exercício jornalístico. A obra, povoada de vozes - cujos donos talvez chamaríamos teóricos, mas que surgem, ao longo da narrativa, mais como companheiros de profissão -, abandona o caráter de livro de cabeceira e ganha ares de guia prático, livro de bolso. São dicas, sugestões, pitacos, como apelida Fortes, além de preciosos conselhos tanto a iniciantes como a velhos marujos, dados por nomes como Eugenio Bucci, Ricardo Noblat, Cláudio Tognolli e muitos outros.

Os assuntos abordados interligam-se como hipertextos, que se podem repescar a cada capítulo. Não por outro motivo: as questões polêmicas referentes ao jornalismo, às quais se pode, de fato, conceder a alcunha de paradigmas, estabelecem relações quase de causa e conseqüência, oriundas todas de dois grandes solos férteis: a formação técnica (escolar, acadêmica) do profissional e a formação pessoal, ética, do jornalista.

Uso do off, profusão das assessorias de imprensa, a internet como ferramenta da profissão, os esforços, os instrumentos; a necessidade de paciência, faro, clareza, coesão, responsabilidade com o que será publicado, respeito à fonte; as decisões solitárias inúmeras, os riscos de vida... todos esses quesitos – virtudes ou pecados – acerca dos quais refletir é sempre uma tarefa árdua, representam circunstâncias com que nos deparamos durante a jornada. Quanto a isto, Fortes, sabiamente, compreende que os subsídios necessários para lidar com essas questões emergem ora do que aprendemos em cursos ou percursos, ora do que entendemos por princípios éticos, daquilo por que, cremos, vale a pena lutar.

Com uma linguagem clara e honesta, Leandro Fortes conta histórias, exemplifica cada teoria mencionada, além de indicar sites de busca e bancos de dados de grande valia ao exercício cotidiano de apuração. Jornalismo investigativo é, em resumo, um daqueles livros que não deve ser lido, mas consultado feito dicionário.

0 comentários:

Postar um comentário

// compartilhe

Share |