Venho aqui e vou embora, trazida por uma inspiração soluçada. Leio, trabalho, dirijo, converso e pronto: apareço, escrevo umas linhas. Apareça também, sempre, quando em vez, assim como eu. E seja bem-vindo.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Lentes garrafais. Tenho enxergado melhor.

Tenho pensado mais. Sobre tudo. Minha cabeça adquiriu nesses últimos meses o triplo do tamanho, penso. Pretenciosamente ainda, sinto-me um tanto mais preparada pra, quem sabe, dar aulas. Descubro isso no rascunho da atividade, em pequenas coisas como dar conselhos jornalísticos no trabalho ou revisar textos de colegas. Vejo-me fazendo isso pra pequenos aprendizes, dando-lhes bons carões! Hehehe...


Há seis meses fiz uma cirurgia refrativa, que me devolveu à visão a uns olhos míopes de 7 graus e meio. Hoje finalmente ponho meus óculos antigos e consigo sentir a angustia de que experimentavam as pessoas que aproximavam minhas lentes garrafais dos seus olhos sadios. Eu nunca poderia saber que sensação esquisita era aquela.



Escrever é como por estas lentes. É aumentar vertiginosamente a cor e a dimensão das coisas, é permitir-se, forçar-se até, a ver a correria com olhos de pausa, o gris com olhos de cor. Releio textos de Teoria da Comunicação, do 1° semestre, e compreendo os temas com uma clareza tão maior! Como isso me espanta, como finalmente fazem sentido. Quero relê-los todos, e o farei assim que possível. Gostaria de ter alunos para tentar fazer com que vissem sentido naquilo também.


Quero ter dinheiro pra comprar os livros do mestrado e descobrir aos poucos se eles já fazem sentido. É engraçado isso. Como crescemos para as coisas aos pouquinhos. Eu nunca acreditei que um dia compreendesse o Centro de Fortaleza a ponto de andar sozinha por ele. A anos aquela dúzia de ruas foram totalmente traduzidas, destrinchadas. Não as temo mais. Nunca pensei igualmente que conseguiria andar só por Fortaleza. Hoje vou de ônibus a todos os cantos, anoto em papéis que coletivos me levam pra que lugares e decoro ruas a fim de que, quando tiver meu carrinho, possa tê-las destrinchadas já. A capital ainda não me é pequena. Não lhe conheço por completo. Sou pequena ainda para muitas coisas. Não tenho pressa, contudo. Felicito-me do pouco que alcancei.



Deixo-lhes com um velho afeto, o qual reencontrei fuçando o companheiro Terra Letras. Counting Crow é um cara esquisitíssimo, mas intérprete de uma das músicas que, na surdina, ali sem alardes, marcou a minha geração: Ms. Jones. Uma daquelas canções que incluimos em tags do tipo "baladinha pra pensar melhor".







2 comentários:

janabras disse...

E esse teus olhos, May, já são tão grandes. Dá vertigem pensar o quanto mais podem engraudar.

Lu disse...

"Felicito-me do pouco que alcancei."

Amei esse trechinho!!

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