Venho aqui e vou embora, trazida por uma inspiração soluçada. Leio, trabalho, dirijo, converso e pronto: apareço, escrevo umas linhas. Apareça também, sempre, quando em vez, assim como eu. E seja bem-vindo.

segunda-feira, novembro 02, 2009

Lua cheia: um dia de lobisomen

Estou visivelmente de péssimo humor. Estive estranha o dia inteiro... efeito de remédios ou a irritação familiar de todo dia, não sei qual foi. Detesto falar disso, contudo. Talvez saia com os meninos, se não estiverem tão difíceis hoje. Talvez caia de cara no projeto prático mais uma vez. Acho que fecharei est livro odiando-o com todas as forças. É muito possível. Ultimamente tudo que escrevo e falo e desenho diz respeito ao Beco da Poeira. Daqui a pouco não verei a hora de derrubarem aquele lugar. Quanta bobagem eu falo quando estou mal humorada. Espero que ninguém me peça opinião pra nada hoje. Sinto que estragarei qualquer coisa que tocar, feito uma maldição.


Eu não quero falar disso, droga.



O Dh vai aprender a tocar trompete. Isso vai ser muito bacana. A sensação de ouvir um pouco de música diferente rondando pela casa, vai ser bem bonito. Beirut ao vivo todo dia. Olha só!


Beirut é uma boa trilha sonora para um livro reportagem, o CD novo principalmente, o Zapotec. É contínuo, lento e bonito, atrasada os pensamentos e dá mais tempo de relembrar tudo que aconteceu antes de narrar. Cria um clima agradável.


Gostaria de ter internet agora, de poder olhar cifras no Terra Letras e tocar um pouco de violão. Estou carente de dedilhar alguma coisa e cantar de qualquer jeito. Isso me faz lembrar o quanto queria uma banda. Realmente seria fantástico ter um ensaio marcado pra hoje a noite. Seria mesmo maravilhoso, tocar guitarra ou violão mesmo, acertar acordes, afinar instrumentos e escrever letras em conjunto tomando uma vodka ou uma cerveja gelada. Putz, ia ser muito bom.


Não sei mais compor. Não sei mais, simplesmente. Acho que só sabia compor músicas católicas. Falar de coisas do espírito sob uma perspectiva religiosa é sempre mais fácil, tudo parece claro, a filosofia das coisas, as sensações são compartilhadas por muitos, então o que quer que eu escrevesse sempre pareceria real, íntimo, pra quem fosse também religiosa ou religioso como eu, seria compreensível. Alguém que não viveu isso não vai entender. Agora não sei sobre o que escrever. O mundo lá fora não é tão interessante de ser explorado em letras como o mundo espiritual. Juro, não sei o que acontece. Nada que eu bote num papel parece merecer ser repetido por muitas pessoas.


E as músicas falam de quê? Geralmente de amor. De dor talvez, mas, em geral, também ela vem com o amor. Narram circunstancias, estados de espírito... Não sei se os meus estados de espírito são muito bacanas de se inserir numa canção... Hoje certamente não são.


Das bandas que eu gosto (Kings of Leon, Beirut...), boa parte delas fala de relacionamentos. E o fazem muito mal – pelo menos até onde entendo – já que passam por uma tradução pra que eu entenda e, traduzidos, quaisquer escritos norte-americanos parecem não dizer coisa com coisa. Ou o inglês se explica muito mal em português ou é por que os compositores, de fato, não escrevem nada que faça muito sentido.


Uma frase do Kings of Leon eu gosto, a tradução diz: fechando a porta com ritmo e rima, eu afrouxei minha gravata, eu afrouxei minha gravata. Gosto disso, é como se, ao chegar do trabalho, de um compromisso sério eu me trancasse no quarto pra tocar ou compor, como se o eu lírico separasse um momento na vida para dar lugar à rima e ao ritmo. Soa bem.


Mas a única banda que realmente consegue me fazer viajar com suas letras é o Rappa, sem dúvida. Caramba, é pura crônica de cidades. Crônica do morro. A cada CD os caras se superam e conseguem cada vez mais explicar os acontecimentos da letra em poucas palavras, deixam as gestalts abertas pro ouvinte fechar. É realmente literatura pura.


Preste atenção: “Vários holofotes ligados aqui, água do banho já aqueceu, crianças correm pra fora do campim, quem sabe aqui dentro o que acontece sou eu”. O que eu visualizo: favela. situação de tensão. Uma mãe esquenta a água do banho numa panela gasta enquanto repara o filho brincar do lado de fora. Ordena-o insistentemente que entre em casa. Ela sabe o que está pra acontecer. “Olho a TV e o rádio ligado não suportam a imensa gritaria. Já não há mais o barulho lá fora, foi selada a falsa calmaria”. Gritaria, tumulto, a confusão acontece, a mãe liga a tv e o rádio a fim de distrair os filhos. De repente, o silêncio. Saem cada um para o seu lado. “Mas logo o chão da evidencia, lá a massa ela é testemunha pro silencio ainda existe o flagrante, foi lavado o asfalto com cunha”. O morto foi levado e o asfalto lavado.


Diga lá quem mais no Brasil faz isso?? Conta essas histórias desse modo? Meu Deus, sensacional.


É, isso melhora meu mal humor.

1 comentários:

Dhenis disse...

muito massa essa percepçao da cronica urbana do rappa. acho que vou tentar pegar as letras e olha-las sem o som envolvente, que as vezes é tão sedutor que faz perder a letra, acho que até por isso suportamos tantas bandas estadunidenses, boas melodias...

ei, quanto ao trompete, segunda apresso meu patrao ta?!

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