Venho aqui e vou embora, trazida por uma inspiração soluçada. Leio, trabalho, dirijo, converso e pronto: apareço, escrevo umas linhas. Apareça também, sempre, quando em vez, assim como eu. E seja bem-vindo.

terça-feira, novembro 17, 2009

Ao Drummond de Andrade e seu gato Crispim



[caption id="attachment_127" align="alignleft" width="280" caption="Carlos Drummond de Andrade"][/caption]

Velho Drummond,

Eu, assim como seu gato, homologo a invenção da poltrona.



Homologo a invenção do sorvete de morango,

Homologo a invenção dos bons filmes numa cama não tão quentinha nesses dias de calor infernal,

Homologo a invenção dos banhos quentes - seu gato talvez não goste dessa,

Homologo a invenção das redes nas tardes preguiçosas de Sessão da Tarde, repetida ou não.

E homologo, companheiros, a invenção do amor.

Da melhor das companhias para estar vizinha no desfrute de todas as outras invenções:

a poltrona, o sorvete, a cama, os banhos, as redes e a Sessão da Tarde.


"Passar quatro dias e quatro noites em casa, vendo o carnaval passar; ou não vendo nem isso, mas entregue a uma outra cifrada folia, que nesta Quarta-Feira de Cinzas abre suas pétalas de cansaço, como se também tivéssemos pulado e berrado no clube. (...) Ter como companheiro o irmão gato Crispim, exemplo de abstenção sem sacrifício, manual de silêncio e sabedoria, aventureiro que experimentou a vertigem da luta livre nos telhados e homologa a invenção da poltrona."


Drummond de Andrade, em Ficar em Casa


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